terça-feira, 20 de abril de 2010

diário de bordo de um sonhador.

Acabei de perceber que esqueci de abrir meus olhos, e isso só me apareceu depois de que eu não sentia mais o chão e a relva na qual eu pisava nem parecia orvalhada. Percebi que por muito tempo fechei meus olhos para tudo que parecia não me convir, e tudo o que era fácil de ser ignorado hoje não consigo esquecer, não sai da minha cabeça tantos passos errados e tantas silabas não ditas, foram dias quem sabe até anos decepcionando minha capacidade de vivencia comum, mas agora que eu despertei vi tantas coisas más que de alguma forma superam as boas, vi meu mundo se esfarelando entre meus dedos, esse mundo é o meu infinito particular, aquele que o qual eu criei a vida toda, e fui mantendo até enquanto o meio esterno não sentiu minha falta.
De repente ouço num agudo som: heeey, menina! É você mesmo; a iludida e desligada, o mundo real chama você então faça sua mala e despeças-se dessa sua fábula que a vida chama você.
Nada do que antes a mim parecia perfeição encontrei nesse caos, visito meus sonhos, mas essa terrível e cruel realidade me desliga, ela simplesmente tira da tomada meu reprodutor automático de magia.
Estou quase desistindo de tentar me adequar, estou quase sedento a vontade de deixar fracassar...
Ouço os sussurros medrosos dos viventes desse mundo catastrófico e eles dizem que por aqui a felicidade é comprada, o amor é corrompido e o sentido de viver é apenas obter lucros. Então eu penso: porque maldita hora tiraram-me do meu paraíso? Porque o controlador desse povo prefere os ver sofrer e lutar em vão? Porque somos nascemos puros se puros é um estado inalcançável nesse lugar? Enfim por quê?
Toca-se o despertar da alma coletiva por aqui, pede-se de passagem uma concepção dos atos rotineiros e isso se dá porque eles dizem que o mundo deles pode acabar se nada for mudado, e eu essa hora já sem consciência me perdi.
Tentando abrir meus olhos deparo-me com uma luz forte sobre mim, sinto uma brisa suave me tocar e quando passo as mãos ao chão, sinto a relva orvalhada, a felicidade ali me tocou, ao meu infinito particular havia voltado. Depois de então tudo me sorriu e a vida que eu sempre quis voltar a ser minha novamente.
Hoje acordei desesperada, sonhei que no mundo real eu havia sido atingida por uma bala perdida, devido ao caos ali propagado isso de deu, enfim... Fiquei horrorizada. Temendo o pesadelo ser uma lembrança, levantei a blusa e ao tocar meu peito sinto dois cicatrizes e isso no geral me abalou, e o que eu nunca esperava saber eu tive que reconhecer, o meu lugar perfeito só era perfeito após vida.

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